ATENÇÃO muda a DOR

 
Ao sentir uma dor nosso cérebro funciona de uma determinada forma que direciona nossa atenção à uma área específica do corpo. Enquanto isso, outras áreas recebem menos nossa atenção. No momento que levamos nossa atenção à dor, a intensidade da sensação aumenta e a percepção do tempo muda! Tudo para tornar a dor ainda mais desagradável! Apesar disso, é uma estratégia vantajosa a curto prazo para resolvermos o problema e voltarmos às nossas atividades.

No entanto, existem situações que o uso da estratégia da atenção torna-se desvantajosa e possivelmente pode manter a dor ainda presente ou no mínimo mais desagradável.

Eu não acho que é muito difícil de imaginar que se uma pessoa for capaz de direcionar sua atenção da dor para outra sensação ou estímulo pode amenizar seu desconforto. Existem vários estudos que mostram o alivio da dor através da manipulação da atenção. Pesquisadores da Hong Kong Polytechnic University deram estímulos elétricos nos pés dos participantes do estudo com duas intensidades diferentes. Uma delas era dolorosa e a outra menos intensa sem causar dar. Depois os participantes tinham que imaginar por 30 segundos ora o estímulo doloroso ora o estímulo não doloroso enquanto os pesquisadores ligavam novamente o aparelho gerando o estímulo com a mesma intensidade que gerava dor. Os pesquisadores identificaram que os o participantes sentiam menos dor quando mantinham em sua memória a intensidade mais leve do estímulo! Também já foi estudado que a intensidade da dor pode ser reduzida quando a pessoa divide sua atenção para qualquer outro estímulo como um som, uma imagem ou outra área do corpo. Na clínica vemos pacientes capazes de levar sua atenção para seus afazeres mesmo com a presença da dor. No caso de dores crônicas essa pode ser uma estratégia favorável!

Analisando o que acontece no cérebro de uma pessoa com dor quando é capaz de desviar sua atenção para outra coisa é possível notar que boa parte do cérebro relacionada com a dor se acalma! Como sabemos que o cérebro muda sua estrutura e função pela prática ou experiência repetida, podenos imaginar que a capacidade de desviar a atenção repetidas vezes pode manter o cérebro mais facilmente calmo mesmo em pessoas com dor.

Obviamente podemos ter mais ou menos facilidade em levar nossa atenção para longe de um incomodo. Pesquisas mostram que a presença de pensamentos exageradamente negativos ou estímulos constantes ameaçadores dificultam usarmos nossa capacidade de distração. Então o uso da distração pode ser melhorado quando é associado a intervenções que ajudam a pessoa se sentir mais segura no momento (existem muitas estrategias para isso).

A atenção à dor também muda a percepção de tempo! Se eu não me engano Einstein (o grandioso estudioso sobre o tempo) um dia disse "coloque a mão no fogo por um minuto e isso parecerá uma hora. Converse com uma mulher charmosa por uma hora e isso parecerá um minuto." Pesquisadores já mostraram que o mesmo estímulo doloroso com o mesmo tempo de duração de um estimulo não dolorosos faz um indivíduo ter a impressão que diferente da duração do estímulo. As pessoas relatam que o estímulo doloroso é mais demorado mesmo sendo exatamente de mesma duração. Não é à toa que vemos na clínica um paciente dizer que sente dor TODO tempo, mesmo que isso não se confirme após uma investigação mais detalhada.

O curioso é que a atenção antecipatoria a um possível evento doloroso pode aumentar a intensidade da dor quando dar aparecer! Já foi mostrado que as mesmas áreas do cérebro que participam da percepção da dor ficam ativadas (em menor grau) imediatamente antes da presença de um estimulo doloroso. O mesmo acontece com uma pessoa com dor lombar imediatamente antes de abaixar para pegar um objeto!

Entender como a atenção inflencia a dor pode ajudar terapeutas e pacientes a criar novas intervenções para aliviar a dor.

Pense nisso:
1- Quando um fisioterapeura pede para um paciente com dor lombar fazer o exercício de "ponte", para onde você acha que o paciente está levando a atenção? Como você imagina a atividade do cérebro com a atenção direcionada para a região lombar? Como você acalmaria o cérebro do paciente através da manipulação da atenção?

2- Como você acha que está a percepção de tempo da dor em pontada que uma pessoa com dor orofacial, por exemplo? Como você mudaria a percepção de tempo de uma dor desse tipo?

Quer mandar sua reflexão? Rodrigorizzo@mapadador.com.br

 
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