Exame de imagem para dor lombar: fazer ou não fazer?

 
Exemplo de imagem
Necessidade do exame 
Algumas pessoas, quando tem uma dor na coluna lombar, vão ao médico, ansiosas para saber o que esta acontecendo… Pela falta de informação e comunicação, os pacientes aprendem a necessitar de exames de imagem como uma maneira, de quem sabe, acalmar suas preocupações. 

Da mesma forma, pela falta de informação e comunicação com o pacientes, profissionais da saúde orientam exames de imagem desnecessariamente aos seus pacientes. Sabemos que menos de 5% dos pacientes com dor lombar apresentam características clinicas que realmente podem se beneficiar de exames de imagem na primeira consulta! 

Problemas financeiros 
Agora, Rodrigo Rizzo, qual é o problema de fazer exames de imagem de forma precoce em pacientes com dor lombar? Primeiro: toda vez que uma pessoa vai ao laboratório e faz uma ressonância magnética, o convênio ou o governo tira dinheiro do seu cofrinho para bancar isso! 

Alguém pode pensar “mas, eu pago por isso, qual o problema!” A minha primeira resposta poderia lembrar que cada uma dessas moedas, estava no bolso de cada uma das pessoas! Mas acho que isso não convence. Eu falo isso para minha filha quando deixa a televisão de casa ligada e enquanto está brincando em outro lugar! E ela continua fazendo isso!!! Então vamos ser mais concretos. A questão é , quanto desse dinheiro é gasto com exames de imagem? E quanto desse dinheiro gasto, não precisaria ser gasto? Quando eu digo “não precisaria ser gasto”, eu estou querendo falar do dinheiro gasto e que se não tivesse sido gasto, não mudaria em nada a condição do paciente, ou que, pelo contrario, poderia prejudicar mais do que ajudar! 

Um estudo na população americana mostrou que o grupo de pacientes que realizou precocemente ressonância magnética por causa de dor lombar, gasta em média R$ 52.000,00 a mais em cuidados médicos do que o grupo de pessoas que não realizou esse exame. Acho que isso ainda não é convence!! 

Talvez seria melhor pensar no que poderia ser feito com esse dinheiro! Podemos pensar primeiro o que você, eu, e todas as pessoas comuns poderiam fazer. Quando eu perguntei para minha esposa, ela disse “usaria para pagar nosso apartamento!” Mas, um pessoa com dor poderia usar para fazer um tratamento particular de qualidade superior o que costuma receber do governo ou do seu convenio! Infelizmente as vezes precisamos disso. Poderia pagar uma atividade física de qualidade em algum momento da sua recuperação, ou poderia deixar de trabalhar por 2 horas (no caso de profissionais autonomos), diariamente, para fazer uma atividade prazerosa; poderia relaxar com a família em um hotel fazenda. 

Agora, o que o convênio ou o governo poderia fazer com esse dinheiro que vai todos os dias para o ralo? Poderia remunerar melhor os fisioterapeutas e médicos! Poderiam ter mais profissionais atendendo e dessa forma não teriam a necessidade de largar os pacientes em boxes com “aparelhinhos” que comprovadamente não funcionam para a condição de dor lombar. Poderiam oferecer um serviço especial para pacientes com dor lombar crônica que comprovadamente apresenta melhor resultado! Poderiam utilizar o dinheiro para educar a população do que deve ser feito quando se tem dor lombar (algo que comprovadamente apresenta resultado positivo!). 

Problemas de saúde
Agora, você pode estar curioso e se perguntar “que mal tem, além de gastar dinheiro, em fazer ressonância magnética de forma precoce quando se tem dor lombar? Surpreendentemente, estudos mostram que pessoas que fazem exames de imagem de forma precoce, apresentam períodos mais longos de incapacidade! Você pode ainda querer saber porque isso acontece! Simples… quando o profissional da saúde e o paciente valorizam muito o exame de imagem como ponto fundamental no tratamento, acabam tendo pensamentos e atitudes que atrapalham na recuperação. 

Quando eu tenho que realmente fazer o exame?
Agora, a ultima pergunta que talvez valha a pena fazer “quando eu tenho que realmente fazer um exame de imagem?” As recomendações cientificas, diante de milhares de pesquisas de qualidade até o momento, são:

• o profissional deve recomendar exames de imagem quando suspeita de fratura, tumor, infecção, câncer, síndrome da cauda equina. Portanto pergunte ao medico sem medo “existem indícios dessa dor estar relacionada a…. (essas condições?). Existe 99% de chance dele dizer “Não”. Ufa!! 

• O profissional deve recomendar exames de imagem quando ver CLARAMENTE sinais e sintomas (perda de sensibilidade, perda de força ou alteração de reflexos) + que pioram durante as 4 semanas subsequentes (contradizendo a tendência natural de que é melhorar com o passar das semanas) + não melhoram nada com tratamento recomendado durante um mês (atenção para o sinal de +). Apresentar os sinais e sintomas, mas com melhora alongo do tempo ou com o tratamento, o paciente também não precisa ser encaminhado para realização de exames de imagem. Os profissionais acabam orientando para exames mesmo quando os pacientes não apresentam sinais e sintomas CLAROS das condições descritas acima. A presença de condições “temidas” pelas pessoas como hérnia de disco e estenose do canal vertebral pode existir em pessoas assintomáticas e por isso não tem relação com a maioria das dores na coluna, a não ser em poucos casos em que os sinais e sintomas são marcantes e não melhoram com o tempo e com o tratamento recomendado. Solução: 

 1- Pacientes: saiba dessas informações e imprima esse artigo e leve ao seu medico se for preciso para tirar suas duvidas!! 

2- Profissionais: fiquem informados e eduque seus pacientes de maneira adequada (se quiserem se atualizar sobre isso veja a parte de cursos em www.mapadador.com.br). 

3- Governo e convênio medico: Como seria se pesquisadores qualificados pudessem conversar diretamente com diretores de convênios e governares? E criarem um sistema de saúde inteligente baseado em informações “esforçadamente” conquistadas!! Nosso sistema de saúde poderia dar um salto!! Os diretores e governantes que fizerem isso, definitivamente entrarão para a historia! 

Referencia: Webster et al., 2013. Iatrogenic Consequences of Early Magnetic Resonance Imaging in Acute, Work-Related, Disabling Low Back Pain 
 
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